1. Eis aqui! Bendizei a Jeová, vós todos, servos de Jeová, que de noite estais na casa de Jeová. 2. Levantai vossas mãos para o santuário e bendizei a Jeová. 3. Jeová te abençoe desde Sião, Ele que fez o céu e a terra!
1. Eis aqui! Bendizei a Jeová. Alguns intérpretes pensam que outros além dos levitas estão incluídos aqui, e deve-se admitir, pelo menos, que alguns dos mais zelosos do povo permaneciam no Templo durante a noite, como lemos em (Lucas 2:37) sobre Ana, uma viúva, “que servia a Deus constantemente com orações, noite e dia.” Mas é evidente, pelo final do Salmo, que o autor inspirado se dirige apenas aos sacerdotes, pois prescreve a forma de bênção que deveriam oferecer ao povo, e essa era uma função exclusiva dos sacerdotes. Assim, parece que os levitas são chamados aqui de servos de Deus devido às funções que desempenhavam, sendo especialmente designados, e isso por turnos, para vigiar o Templo durante a noite, como lemos na história sagrada (Levítico 8:35). O Salmo começa com o advérbio demonstrativo “Eis aqui!”, colocando diante de seus olhos o dever deles, pois deveriam ser estimulados à devoção ao olhar constantemente para o Templo. Devemos notar o objetivo do salmista ao insistir tanto no dever de louvar. Muitos levitas, devido à tendência de todos os homens de abusarem das cerimônias, consideravam que nada mais era necessário além de permanecer ociosamente no Templo, negligenciando assim a parte principal de seu dever. O salmista mostra que apenas vigiar o Templo à noite, acender as lâmpadas e supervisionar os sacrifícios não tinha importância alguma, a menos que servissem a Deus espiritualmente e referissem todas as cerimônias exteriores ao que deve ser considerado o sacrifício principal – a celebração dos louvores de Deus. Pode parecer um serviço muito trabalhoso, como se dissesse: “Vocês pensam que é cansativo vigiar no Templo enquanto outros dormem em suas casas? Mas o culto que Deus exige é algo mais excelente do que isso, e demanda de vocês que cantem seus louvores diante de todo o povo.” No segundo versículo, ele os lembra também da forma correta de invocar o nome do Senhor. Pois por que os homens levantam as mãos quando oram? Não é para que seus corações sejam ao mesmo tempo elevados a Deus? Assim, o salmista aproveita a oportunidade para repreender sua negligência, seja ao permanecerem ociosos no Templo, seja ao se entregarem a conversas vãs, deixando de adorar a Deus corretamente.
3. Jeová te abençoe desde Sião! Em minha opinião, este versículo nos fornece uma prova conclusiva de que o Salmo se refere exclusivamente aos sacerdotes e levitas, pois a eles cabia propriamente, segundo a Lei, abençoar o povo. (Números 6:23.) O salmista primeiro os instruiu a bendizer a Deus; agora, ordena-lhes que abençoem o povo em seu nome. Isso não significa que Deus, por meio dessa ordem, quisesse que o povo se entregasse a uma vida de segurança carnal – uma ideia comum entre os papistas, que pensam que, se os monges entoam cânticos nos templos, isso já constitui todo o culto necessário para o povo. O propósito de Deus era que os sacerdotes dessem o exemplo no serviço divino, para que o povo seguisse esse modelo e o praticasse individualmente em seus lares. O dever de abençoar o povo foi imposto aos sacerdotes porque eles representavam a pessoa de Cristo. Mencionam-se intencionalmente duas verdades distintas: primeiro, que Deus os abençoa desde Sião; segundo, que Ele é o Criador dos céus e da terra. O título de Criador é citado para destacar seu poder e convencer os crentes de que nada há que não se possa esperar de Deus. Pois o que é o mundo senão um espelho no qual contemplamos seu poder infinito? De fato, só pessoas insensatas não se satisfariam com o favor daquele que tem em suas mãos todo domínio e toda riqueza. Entretanto, muitos, ao ouvirem falar de Deus como Criador, tendem a imaginá-lo como alguém distante e, assim, duvidam de seu acesso a Ele. Por isso, o salmista menciona também o que simbolizava a proximidade de Deus com seu povo – para que fossem encorajados a aproximar-se d’Ele com a liberdade e confiança de filhos que são convidados ao seio do Pai. Assim, ao olharem para os céus, deveriam reconhecer o poder de Deus; ao olharem para Sião, sua morada, deveriam reconhecer seu amor paternal.1