Deus deu a Adão uma lei, como um pacto de obras, pela qual O vinculou a ele e a toda a sua posteridade, à obediência pessoal, total, exata e perpétua, prometendo a vida pelo cumprimento dela, e ameaçando a morte pelo rompimento dela, e dotando-o de poder e capacidade para mantê-la [a].
[a] Gênesis 1:26-27; Gênesis 2:17; Romanos 2:14-15; Romanos 10:5; Romanos 5:12, 19; Gálatas 3:10-12; Eclesiastes 7:29; Jó 28:28.
Esta lei, após sua queda, continuou a ser uma regra perfeita de justiça; e, como tal, foi dada por Deus no Monte Sinai, em dez mandamentos, escritos em duas tábuas [a]: os primeiros quatro mandamentos contêm nosso dever para com Deus; e os outros seis, nosso dever para com o homem [b].
[a] Tiago 1:25; Tiago 2:8, 10-12; Romanos 13:8-9; Deuteronômio 5:32; Deuteronômio 10:4; Êxodo 24:1. [b] Mateus 22:37-40.
III. Além dessa lei, comumente chamada de moral, Deus teve a bondade de dar ao povo de Israel, como uma igreja em sua infância, leis cerimoniais, contendo várias ordenanças típicas, em parte de adoração, prefigurando Cristo, Suas graças, ações, sofrimentos e benefícios [a]; e em parte, apresentando diversas instruções sobre deveres morais [b]. Todas essas leis cerimoniais agora estão abrogadas, sob o Novo Testamento [c].
[a] (Hebreus 9) Hebreus 10:1; Gálatas 4:1-3; Colossenses 2:17. [b] 1 Coríntios 5:7; 2 Coríntios 6:17; Judas 23. [c] Colossenses 2:14-17; Daniel 9:27; Efésios 2:15-16.
A eles também, como corpo político, Ele deu diversas leis judiciais, as quais expiraram juntamente com o Estado daquele povo; não obrigando ninguém agora, salvo na medida em que a equidade geral delas possa exigir [a].
[a] (Êxodo 21-22); Gênesis 49:10; 1 Pedro 2:13-14; Mateus 5:17, 38-39; 1 Coríntios 9:8-10.
A lei moral obriga para sempre a todos, tanto as pessoas justificadas como as demais, à obediência a ela [a]; e isso, não apenas em relação ao conteúdo nela contido, mas também em respeito à autoridade de Deus, o Criador, que a deu [b]. Nem Cristo, no Evangelho, dissolve de maneira alguma, mas fortalece ainda mais essa obrigação [c].
[a] Romanos 13:8-10; Efésios 6:2; 1 João 2:3-4, 7-8. [b] Tiago 2:10-11. [c] Mateus 5:17-19; Tiago 2:8; Romanos 3:31.
Embora os verdadeiros crentes não estejam debaixo a lei, como um pacto de obras, para serem justificados ou condenados por ela [a]; ainda assim, ela é de grande utilidade para eles, assim como para os outros; pois, como uma regra de vida que os informa sobre a vontade de Deus e seu dever, ela os direciona e os obriga a andar de acordo com ela [b]; também revelando as contaminações pecaminosas de sua natureza, corações e vidas [c]; de modo que, ao se examinarem por ela, possam chegar a uma maior convicção, humilhação e ódio ao pecado [d], juntamente com uma visão mais clara da necessidade que têm de Cristo e da perfeição de Sua obediência [e]. Da mesma forma, ela é útil para os regenerados, para restringir suas corrupções, visto que proíbe o pecado [f]; e as ameaças dela servem para mostrar o que até seus pecados merecem; e quais aflições, nesta vida, podem esperar por eles, embora livres da maldição nela ameaçada na lei [g]. As promessas dela, de maneira semelhante, mostram-lhes a aprovação de Deus à obediência e as bênçãos que podem esperar ao cumprir-lhe [h]; embora não como algo devido a eles pela lei, como um pacto de obras [i]. Assim, o fato de um homem fazer o bem e se abster do mal, porque a lei incentiva o primeiro e desencoraja o segundo, não é evidência de que ele esteja sob a lei, e não sob a graça [j].
[a] Romanos 6:14; Gálatas 2:16; 3:13; 4:4-5; Atos 13:39; Romanos 8:1. [b] Romanos 7:12, 22, 25; Salmo 119:4-6; 1 Coríntios 7:19; Gálatas 5:14-23. [c] Romanos 7:7; 3:20. [d] Tiago 1:23-25; Romanos 7:9, 14, 24. [e] Gálatas 3:24; Romanos 7:24-25; 8:3-4. [f] Tiago 2:11; Salmo 119:101; 119:104; 119:128. [g] Esdras 9:13-14; Salmos 89:30-34. [h] 2 Coríntios 6:16; Efésios 6:2-3; Salmos 37:11; Mateus 5:5; Salmos 19:11; Levítico 26. [i] Gálatas 2:16; Lucas 17:10 [j] Romanos 6:12, 14; 1 Pedro 3:8-12; Salmo 34:12-16; Hebreus 12:28-29
Nem os usos anteriormente mencionados da lei são contrários à graça do Evangelho, mas harmonizam-se suavemente com ela [a]; o Espírito de Cristo subjuga e capacita a vontade do homem para fazer, livre e alegremente, o que a vontade de Deus, revelada na lei, exige que seja feito [b].
[a] Gálatas 3:21 [b] Ezequiel 36:27; Hebreus 8:10; Jeremias 31:33