Confissão de Fé de Westminster de 1647
Embora a luz da natureza e as obras da criação e da providência manifestem até certo ponto a bondade, sabedoria e poder de Deus, de modo a deixar os homens inescusáveis,[a] ainda assim não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e de sua vontade que é necessário para a salvação;[b] portanto, agradou ao Senhor, em várias ocasiões e de diversas maneiras, revelar-se e declarar sua vontade à sua Igreja; e, posteriormente, para a melhor preservação e propagação da verdade, e para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne, a malícia de Satanás e do mundo, comprometer a mesma totalmente por escrito; o que faz com que as Escrituras Sagradas sejam absolutamente necessárias; aquelas formas anteriores de revelação da vontade de Deus ao seu povo tendo agora cessado.
[a] Salmo 19:1-3; Romanos 1:19-20; 1:32 com 2:1; 2:14-15. [b] 1 Coríntios 1:21; 2:13-14. [c] Hebreus 1:1. [d] Provérbios 22:19-21; Isaías 8:19-20; Mateus 4:4, 7, 10; Lucas 1:3-4; Romanos 15:4. [e] 2 Timóteo 3:15; 2 Pedro 1:19. [f] Hebreus 1:1-2.
Sob o nome de Escritura Sagrada, ou a Palavra de Deus escrita, estão agora contidos todos os livros do Antigo e do Novo Testamento, que são os seguintes:
Do Antigo Testamento
Do Novo Testamento
Todas as quais são dadas por inspiração de Deus, para serem a regra de fé e vida. [a]
[a] Lucas 16:29, 31; Efésios 2:20; 2 Timóteo 3:16; Apocalipse 22:18-19.
Os livros comumente chamados de Apócrifos, não sendo de inspiração divina, não fazem parte do Cânon das Escrituras; e, portanto, não têm autoridade na Igreja de Deus, nem devem ser aprovados ou utilizados de maneira diferente de outros escritos humanos. [a]
[a] Lucas 24:27, 44; Romanos 3:2; 2 Pedro 1:21.
A autoridade das Escrituras Sagradas, pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de nenhum homem ou igreja, mas unicamente de Deus (que é a própria verdade), o Autor delas; e, portanto, deve ser recebida, porque é a Palavra de Deus. [a]
[a] 1 Tessalonicenses 2:13; 2 Timóteo 3:16; 2 Pedro 1:19, 21; 1 João 5:9.
Podemos ser movidos e induzidos pelo testemunho da Igreja a ter uma alta e reverente estima pelas Escrituras Sagradas;[a] e a sublimidade da matéria, a eficácia da doutrina, a majestade do estilo, o consentimento de todas as partes, o objetivo de todo o conjunto (que é dar toda a glória a Deus), a plena revelação que faz do único caminho para a salvação do homem, as muitas outras excelências incomparáveis, e a perfeição total das mesmas, são argumentos pelos quais ela se evidencia abundantemente como a Palavra de Deus; ainda assim, nossa plena persuasão e certeza da infalível verdade e autoridade divina delas provêm da obra interior do Espírito Santo, que dá testemunho pela e com a Palavra em nossos corações. [b]
[a] 1 Timóteo 3:15. [b] Isaías 59:21; João 16:13-14; 1 Coríntios 2:10-12; 1 João 2:20, 27.
Todo o conselho de Deus, concernente a todas as coisas necessárias para sua própria glória, a salvação do homem, a fé e a vida, está expressamente colocado nas Escrituras, ou pode ser deduzido das Escrituras por boa e necessária consequência: para o qual nada em nenhum momento deve ser acrescentado, seja por novas revelações do Espírito, ou tradições dos homens. [a] Contudo, reconhecemos que a iluminação interior do Espírito de Deus é necessária para o entendimento salvador das coisas reveladas na Palavra; [b] e que existem algumas circunstâncias relativas ao culto de Deus e à governança da Igreja, comuns às ações e sociedades humanas, que devem ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, de acordo com as regras gerais da Palavra, que sempre devem ser observadas. [c]
[a] Gálatas 1:8-9; 2 Tessalonicenses 2:2; 2 Timóteo 3:15-17. [b] João 6:45; 1 Coríntios 2:9-12. [c] 1 Coríntios 11:13-14; 14:26, 40.
Nem todas as coisas nas Escrituras são igualmente claras em si mesmas, nem igualmente claras para todos; [a] ainda assim, aquelas coisas que são necessárias para ser conhecidas, cridas e observadas para a salvação, estão de forma tão clara apresentadas e explicadas em algum lugar das Escrituras, que não apenas os sábios, mas também os simples, no uso adequado dos meios ordinários, podem alcançar um entendimento suficiente delas. [b]
[a] 2 Pedro 3:16. [b] Salmo 119:105, 130.
O Antigo Testamento em hebraico (que era a língua nativa do povo de Deus antigamente), e o Novo Testamento em grego (que, na época de sua escrita, era mais amplamente conhecido pelas nações), sendo imediatamente inspirados por Deus, e pela sua singular diligência e providência mantidos puros em todas as gerações, são, portanto, autênticos; [a] assim, em todas as controvérsias religiosas, a Igreja deve finalmente apelar para eles. [b] Mas, porque essas línguas originais não são conhecidas por todo o povo de Deus que tem direito e interesse nas Escrituras, e é ordenado, no temor de Deus, que as leia e as busque, [c] portanto, elas devem ser traduzidas para a língua vulgar de cada nação a qual elas chegam, [d] para que a Palavra de Deus habite abundantemente em todos, a fim de que possam adorá-lo de maneira aceitável,[e] e, através da paciência e conforto das Escrituras, tenham esperança. [f]
[a] Mateus 5:18. [b] Isaías 8:20; João 5:39, 46; Atos 15:15. [c] João 5:39. [d] 1 Coríntios 14:6, 9, 11-12, 24, 27-28. [e] Colossenses 3:16. [f] Romanos 15:4.
A regra infalível de interpretação das Escrituras é a própria Escritura; e, portanto, quando há uma dúvida sobre o verdadeiro e completo sentido de qualquer passagem das Escrituras (que não é múltiplo, mas único), deve ser pesquisado e conhecido por outros lugares que falam de maneira mais clara. [a]
[a] Atos 15:15; 2 Pedro 1:20-21.
O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias de religião devem ser decididas, e todos os decretos dos concílios, opiniões dos escritores antigos, doutrinas dos homens e espíritos privados devem ser examinados, e em cuja sentença devemos descansar, não pode ser outro senão o Espírito Santo falando nas Escrituras. [a]
[a] Mateus 22:29, 31; Efésios 2:20 com Atos 28:25.